Fábrica de embalagem de cartão Cartaplast arranca em Julho
- Aster Camilus
- 1 de jun. de 2018
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Atualizado: 11 de jun. de 2018
Nova fábrica vai reciclar papel ecartão para produzir embalagens. Unidade recebeu investimento de cinco milhões USD e cria 260 empregos este ano.
Por André Samuel
Fonte : Jornal Mercado ( 1 de Junho 2018 )
andre.Samuel@mediarumo.co.ao
A empresa Aster Camilus vai inaugurar em Julho uma fábrica de embalagens à base de cartão/papelão para atender a necessidade das empresas dos sectores agrícola, pesqueiro, restauração, comércio e outros. A informação foi avançada pelo director-geral, Pedro Camilo Silva.
Denominada Cartaplast, a unidade é o ‘braço’ industrial da Aster Camilus e está instalada no Pólo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela (PDIC).
De acordo com o director-geral, a projecção é arrancar com a produção de produtos reciclados oriundos do papel e do cartão a partir do terceiro trimestre deste ano. Com um investimento a rondar os cinco milhões USD, actualmente a fábrica tem a capacidade de produção de 46 mil caixas/dia. Segundo Pedro Silva, a actual necessidade do mercado benguelense é superior à produção da Cartaplast, o que se traduz num bom indicador, uma vez que o consumo será total.
“O que vamos produzir é pouco para aquilo que o mercado necessita, e não estou a falar do mercado nacional nem da região sul, apenas me refiro ao de Benguela. Temos sectores, como o pesqueiro e não só, que têm uma necessidade diária a rondar as 40 mil caixas”, descreve o director-geral da empresa.
Diante desta situação, Pedro Camilo Silva explica que aguardam o arranque efectivo da fábrica para concluírem o estudo em curso sobre a possibilidade de arrancar com uma segunda linha de produção ou se partem para um programa de expansão. De acordo com responsável do projecto, o período de retorno do investimento está previsto para os próximos três anos, numa perspectiva positiva ou por baixo. No entanto, aponta como desafiantes algumas condições estruturais que, apesar de não inviabilizarem o projecto, dificultam o normal funcionamento do mesmo. “Na fase de montagem da linha de produção e de todos os equipamentos, precisávamos de contar com a energia da rede, não tivemos, e isto complica. Em termos de infra-estruturas, os acessos dentro do próprio PDIC são ainda precários, felizmente a nova administração tem sido sensível a esta questão e está já a trabalhar no sentido de reverter a situação”, sustenta o entrevistado.
A Cartaplast vai gerar, nesta primeira fase, 45 empregos directos, dos quais 95% serão ocupados por nacionais, maioritariamente jovens e formados na fábrica. Na segunda fase serão criados mais 20 empregos directos, totalizando 65 postos de trabalho até ao final do ano. Quanto aos empregos indirectos, são previstos 150 a 200 postos de trabalho, quando as duas fases estiverem em funcionamento.
Oportunidade de negócios para terceiros
Pedro Camilo acrescenta que têm desenhado um conjunto de vantagens para operadores que queiram colaborar com a fábrica. Avança que, ainda nesta fase, em termos comerciais, abrem a possibilidade para os interessados em tornar-se agentes revendedores. Na segunda fase, oferecem a oportunidade para jovens e interessados em tornar-se recolectores do material destinado à reciclagem. “Não vamos investir numa linha de transporte para recolher papéis, em qualquer parte do mundo, fábricas como esta devem acrescentar valor à sociedade, permitindo que os jovens se tornem agentes económicos e possam recolher e vender o material de que precisamos. Queremos criar uma cadeia em que, entre nós e os consumidores, haja operadores independentes”, vinca o gestor.
Fábricas de embalagem no processo de industrialização
O director-geral adverte para a necessidade de se levar em conta que as produtoras de embalagens são parte da cadeia de produção nacional e do processo de industrialização que o País pretende implementar. Adverte que os produtores agrícolas, pesqueiros e outros precisam de embalar os seus produtos para a comercialização no mercado interno e no internacional. Por essa razão, as fábricas de embalagens precisam de manter a sua produção, mesmo diante da actual dificuldade na obtenção de matérias-primas que infelizmente não são produzidas localmente. “Não há no País nenhuma indústria a produzir o papel craft que é transformado a posterior em cartão e depois é transformado em caixa. Uma boa parte do material usado ainda é importado”, esclarece.
A dificuldade de obtenção de divisas para a importação de matérias primas é um desafio por ultrapassar que condiciona o normal funcionamento do projecto. “Querendo ou não, nós fazemos parte deste processo de industrialização da nossa economia, não somos produtores de fruta, nem de gado, nem de peixe, mas somos parte do processo e somos fundamentais”, conclui.
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